Felizmente o sinal acima
não é para mim, será uma advertência aos donos de cães que encontro no
parque na sua companhia. Não preciso de trela nem açaimo para passear, tenho
liberdade, pelo menos a suficiente para me encantar com aquele lugar que
reconheço nas quatro estações do ano que por ali deixam as suas marcas. Não lhe
destroem a essência, antes pelo contrário, aperfeiçoam-na nos tempos próprios
de cada uma. Para mim, este parque será como um vizinho a morar ao ar livre em
espaço amplo e portas sempre escancaradas no meio da cidade poluída. Mais um, gosto de ter vizinhos.
As escadas estavam lá,
envoltas agora nos verdes frescos das árvores, apenas algumas folhas secas deixadas ao
abandono, entaladas nos degraus. Talvez ao sair do parque as subisse.
Desta vez desviei-me das escadas, virei à
esquerda. Resolvi passar pelo pequeno portão de ferro aberto. Tão elegante na
sua leveza antiga o acho, apesar da ferida enferrujada agarrada à fechadura.
Chamaram-me a atenção as folhas secas pousadas no parapeito da janela, entre a
grade e o silêncio fechado por trás dos vidros. Desde quando estavam elas ali?
Ainda, se o tempo é agora de verdes vivos?!
Segui o meu caminho
mas olhei para trás: também no chão existiam os tons ressequidos do abandono.
Contornei a esquina:
uma chaminé era sinal de que alguém teria vivido na pequena casa. Quem? Quando? Gostava de saber.
M
(Fotos de M)